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A
Eu tenho um melro
que é um achado.
De dia dorme,
à noite come
E
e canta o fado.
E
E, lá no prédio,
ouvem cantar...
E já desconfiam
que escondo alguém
A
para não mostrar.
A
Eu tenho um melro,
lá no meu quarto.
Não anda à solta,
porque, se ele voa,
E
cai sobre os gatos.
Cortei-lhe as asas
para não voar.
E ele faz das penas
lindos poemas
A
para me embalar.
D
Melro, melrinho,
A
e se acaso alguém te agarrar,
E
diz que não andas sozinho
D A
que és esperado no teu lar.
D
Melro, melrinho
A
e se, por acaso, alguém te prender,
E
não cantes mais o fadinho,
D A
não me queiras ver sofrer.
F A
E não voltes mais,
Bm E A
que estas janelas não as abro nunca mais.
Eu tenho um melro
que é um prodígio.
Não faz a barba,
não faz a cama,
descuida o ninho...
Mas canta o fado
como ninguém.
Até me gabo
que tenho um melro
que ninguém tem.
Eu tenho um melro...
(-Que é um homem!)
Não é um homem...
(-E quem há-de ser?!)
É das canoras aves
aquela que mais me quer.
(-Deve ser homem!)
Ah, pois que não!
(Então mulherÂ?)
Há de lá ser!?
É só um melro
com quem dá gosto adormecer.
Melro, melrinho...[refrão]
E não voltes mais,
que a tua gaiola serve a outros animais.
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