Caminha em frente
e protege o rosto do vento
que cega e trás memórias
com gosto de câncer e lágrimas.
Quem me dera pudesse ele me levar
pra longe agora que nada existe aqui
além da doença faminta no ar.
A grande união se desfez,
mas não me deixe outra vez
queimar acreditando que nada iria ferir estes
olhos, cansados de sangrar
por todas vezes que espadas
e milagres tornaram meu vinho em veneno para ratos.
ícaro segue rumo ao sol, mas não pode confiar em suas asas
Enquanto nos porões destas fábricas
nosso suor move as máquinas,
a fumaça cinza apaga o sol,
e então saímos pra recolher
os restos por baixo da fuligem.
Por favor não me deixa ver que nós trocamos
nosso sangue por migalhas e que não há mais abrigo
pra se proteger agora que a noite não tem fim.
Segura forte minhas mãos e diz
que amanhã vamos acordar
e nosso leito não vai estar tão sujo e frio...
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