Minha alma está desprendida de toda a coisa criada
E sobre si levantada nunca saborosa vida,
Só em seu Deus arrimada por isso já se verá
A coisa que mais estimo que minha alma se vê já
Sem arrimo e com arrimo, e com arrimo
E embora trevas padeço nesta vida mortal,
Não é tão grande o meu mal,
Porque se de luz careço
Tenho vida celestial, celestial,
Porque o amor dá tal vida
Quanto mais cego vai sendo,
Que tem a alma rendida sem luz
e ás escuras vivendo, vivendo.
Faz obra tal o amor
Depois que o conheci,
Que se há de bem ou mal
Em mim tudo se faz de um só sabor.
E a alma transforma em si e assim
Sua chama saborosa a qual em mim
Estou sentindo, apressa sem restar
Coisa, todo me vou consumindo,
Todo me vou consumindo.
Sem arrimo e com arrimo,
Sem luz e às escuras vivendo!
Todo me vou consumindo (2x)
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