Morena, diz pra mim de onde é que vem o encanto
Que mexe tanto com o meu despudor
Não sei se vem do teu frescor de ameixa
Ou da madeixa em que tu pões a flor
Por Deus, revela a senha desse teu sorriso
Que é um paraíso, um pôr-de-sol de praia
Define, pois nem comentar me atrevo
O alto-relevo dessa tua saia
De qual pitanga é feita tua boca
Mistura louca de odalisca e maia
Que, só de ver, eu sem querer me acabo
Viro o diabo e fico de tocaia
E se percebes a minha loucura
Boles com a cintura e faz de mim cobaia
Menina, diz pra mim por que a visão se turva
Se eu vejo a curva desse teu quadril
Acho que és, por baixo do tecido
Um proibido mapa do Brasil
Por Deus, me explica agora por que o teu pescoço
Já me faz bom-moço, seguidor, lacaio
Me conta por que ficas mais bonita
Quando me fitas meio de soslaio
De qual Arábia vem esse teu molho
E esse teu olho quase verde-gaio
Que, se vem vindo, eu quase peço arrego
Perco o sossego; mas sair, não saio
Vem pro salão, escuta um elogio
Que a dança é um cio com sabor de ensaio
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