É normal soltar um berro
Sentir-se vivo pelo grito
Explodir todo silêncio de verdade absoluta
Ou tristeza, ou o medo, ou a culpa
É normal sair correndo
Atrasar o desespero
Expelir todo delírio no suor do corpo quente
Ou nos olhos, ou no peito, ou na mente
Mas esse não era o gesto daquele rapaz
Que entupiu de vida o verso
E vivo descansa em paz
Ele tentou anoitecer
Mas sua cama estava vazia
A noite começou sozinha
É normal cair no chão
E viver a decadência
Ao sentir toda frieza aniquilando a inocência
O fracasso, a derrota, a sentença
Mas isso era só o resto praquele rapaz
Que entupiu de vida o verso
E vivo descansa em paz
Ele tentou anoitecer
Mas sua cama estava vazia
A noite começou sozinha
Deixa anoitecer
Quem sabe eu devolvo
O brilho opaco que roubei de mim
E talvez assim o frio passa
Ou talvez pra mim o frio basta
Esse não era o gesto daquele rapaz
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