Inriba daquela serra passa u a istrada rial
Entre todos qui ali passa uns passa bem ôtros mal
Apois lá moraum ferrêro ferradô de animal
Qui sentado o dia intêro no portêro do quintal
Conta istoras de guerrêros
De cavalêros ligêros
Do Rêno de Portugal
Anda mula ruana
Qui a vida tirana
Foi dexada por Deus
Dêrna de Adão
Pra quem pissui os tére
Aqui na terra
Pra quem nada pissui
E pru ladrão
Das coisas de minha ceguêra aquela qui eu mais quiria
Formá u a tropa intêra e arribá no mundo um dia
Cabeçada de u a arrôba vinte campa de arrilia
Cruzeta riata nova rabichola e peitural
E arriça fazeno ruaça
A tripa na bôca da praça
Do Rêno de Portugal
Destá mula ruana
Na vida tirana
Ela é fela e mais dura
Qui a lei
Nóis inda vai xabrá
Pinga de cana
Jabá e rapadura
Mais o rei
Cuano saí lá de casa dexei os campo in fulô
A lua já deu treis volta só a buneca num voltô
Mais prá quê tanta labuta corre corre e confusão
Quanto mais junta mais dana é tribusana é só busão
Oras qui na vida in ança
O pobre cristão só discansa
Dibaixo d um tampo de chão
Para mula ruana
Dexa de gana
Qui a vinda do tropêro
É só u a veis
Assusta mêrmo a vida
Assim tirana
É pura buniteza
Foi Deus quem fez