[Intro]
Ia o homem e o menino
Por caminhos varridos
Pela vassoura do vento
Que passa sem alaridos
Era um monte de nomes
Todos eles desconhecidos
Do menino curioso
E não do homem vivido
Que sisudo caminhava
Ouvindo cada tinido
Dos pica-paus nos angicos
A martelar seus sentidos
Tudo que existia
Nomeado já estava
E o menino inquieto
Ao homem perguntava
Por nome de passarinho
E de planta que avistava
Os montes, as cachoeiras
Tudo o homem nomeava
E naquela cabecinha
Onde a palavra girava
Ia guardando o menino
Tudo que ali escutava
Dos animais da caatinga
Cada nome proferido
Nada escapava ao menino
Tudo guardado, vivido
Dos serrotes, dos riachos
Um por um foi conhecido
O homem, todo sabença
O menino, só ouvidos
Do corisco, a mãe do ouro
Nada ficava escondido
Daqueles que caminhavam
Rumo ao desconhecido
Hoje quando se encontram
É tudo mais divertido
Falam dos pebas, dos tejos
Dos dissabores sofridos
Das caçadas, das abelhas
Nos umbuzeiros pendidos
Dos guarás e das raposas
Das grotas e seus gemidos
Que apenas em noite alta
Pelos dois eram ouvidos
São dois homens conversando
Ou dois meninos crescidos?